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Domingo é dia de cinema?

  • relyjae
  • 30 de ago. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 30 de abr. de 2022


O que dizer de um domingo chuvoso? Ou melhor, o que fazer? Alguns gostam de botar o sono em dia e relaxar; outros ficam ansiosos; uns amam e outros odeiam. Confesso que em tempos passados tive certa implicância com os domingos e volta e meia sobram ainda certos resquícios. Tento ludibria-los buscando estratégias para tornar o dia mais atrativo. Quando o tempo está bonito fica mais fácil. Em dias de mau tempo temos a tecnologia com suas opções para dar uma mãozinha e nos trazer distração. Que tal um bom filme? Uma série? Uma viagem virtual? Uma Live? Ah tá, já sei, não aguenta mais nem ouvir esta palavra Live... Bem, mas quem sabe assistir um Festival de Cinema em casa? Sei que não se compara como assistir no telão das salas de cinema com todo aquele clima que aumenta a emoção. Mas “o que não tem remédio, remediado está”. Fica a dica: Festival do Cinema Italiano 2020 com 20 filmes online e gratuitos. Para quem se interessar: https://br.festadocinemaitaliano.com/

No site tem um tutorial que mostra como assistir os filmes. Já acontece em Porto Alegre desde 2014, no Espaço Itaú de cinemas. Esta é a primeira vez totalmente Online devido esta situação da pandemia. Começou dia 28 de agosto e vai até 10 de setembro. Faça a sua pipoca ou seu bolinho de chuva e aproveite!


Além do mais, o cinema italiano tem imensa tradição e sua história vem desde o final do século XIX e início do século XX tendo nos primeiros tempos a cidade de Torino (Turim) como centro da sua produção, por isso considerada por muitos anos a capital do cinema. Não é a toa que lá foi fundado nos anos cinquenta o Museo Nazionale del Cinema que desde o ano 2000 encontra-se em sua nova sede dentro da torre Mole Antonelliana, prédio símbolo da cidade. A visita é uma experiência riquíssima, um mergulho na magia da Sétima Arte. Entra-se num grande saguão central com o pé direito imenso, rodeado por rampas com cenários montados. E no centro possui um elevador panorâmico pendente com cabo aparente que leva até o topo da torre.


O cinema italiano teve o seu auge nos anos cinquenta a setenta, com Federico Fellini, Vittorio De Sica, Luchino Visconti, Michelangelo Antonioni, Sergio Leone, Pier Paolo Pasolini. Nas décadas de oitenta e noventa houve uma queda nas produções, ficando somente alguns autores do cinema arte como Ettore Scola, sem a popularidade das décadas anteriores. Também Giuseppe Tornatore se destacou nesta época. Nos últimos anos houve uma retomada com bons diretores e novamente uma produção de qualidade. O Festival do Cinema Italiano divulga a cada ano uma pequena amostra de filmes contemporâneos de todos os gêneros para o resto do mundo. Recentemente o mundo do cinema teve uma enorme perda com a morte de Enio Morricone, grande compositor italiano responsável pelas melhores trilhas sonoras, inclusive de Hollywood.

E por falar em Hollywood, a Itália também tem a sua, a Cinecittà, chamada de “Hollywood do Tibre”, por estar localizada em Roma. Passeio imperdível para os cinéfilos. É um complexo de teatros e estúdios onde foi gravada a maior parte da produção cinematográfica italiana: “No curso de seus 80 anos de história, mais de 3.000 filmes tomaram vida na Cinecittà e cerca de 51 películas venceram o Oscar: aqui foram realizadas obras primas que emocionaram gerações de espectadores". Hoje também são rodados espetáculos televisivos e séries, após sua privatização nos anos noventa. Pode-se fazer uma viagem onírica pelos vários cenários montados, desde a antiga Roma. Também tem um museu com ótimo acervo da história do cinema. http://cinecittastudios.it/

Foi construída durante o regime fascista de Mussolini inicialmente para produzir filmes de propaganda do regime. Depois da segunda guerra e com a queda do fascismo, sua estrutura se desenvolveu e ganhou o mundo. Nos anos cinquenta se transformou em um dos estúdios cinematográficos mais importantes do mundo. Fellini trabalhou por lá nada menos do que quarenta anos e o “Estúdio 5” com seus três mil metros quadrados foi palco de suas obras, onde todos os cenários eram montados. Na sua entrada uma placa dourada fala da dimensão que este espaço significava em sua vida: “Quando me perguntam em qual cidade eu preferiria viver, e me dizem se em Londres, Paris ou Roma... eu digo, ao final, se tiver que ser honesto, Cinecittà...”.

O cinema é uma experiência por si só encantadora. Ele consegue nos fazer sentir as mais diversas emoções como se vivêssemos aquilo tudo, transportando-nos a outros lugares e imergindo em outras vidas. É a síntese da catarse. E também reúne todas as artes com efeito transformador para quem se entrega a sua fruição. O italiano Ricciotto Canudo, que denominou o cinema de Sétima Arte, quando escreveu em 1911 o Manifesto das Sete Artes, explica esta união: “Por ser uma arte do espaço e do tempo, o Cinema seria a grande síntese de todas, a sétima arte, pois parte de uma imagem projetada em uma superfície, como a pintura ou a fotografia, mas envolve o movimento, relacionando-se ao ritmo, ao tempo”. Naquela época ele nem imaginava que as sensações extrapolariam a superfície da tela plana com a tecnologia 3D e 4D.



Vamos aproveitar então os domingos chuvosos para embarcar nesta emoção.

Finalizo com uma frase do grande mestre Federico Fellini, talvez um pouco exagerada, mas intensa como ele costumava ser:

“O cinema é o modo mais direto para entrar em contato com Deus”.

(Il Cinema è il modo più direto per entrare in contato com Dio)



2 Comments


Luiz Antônio Vial
Luiz Antônio Vial
Aug 31, 2020

Sempre bom de ler. Abraço

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zenidanenon
Aug 31, 2020

Mais um texto maravilhoso que nos brinda com uma aula de cultura, neste caso sobre a Sétima Arte e, mais especificamente, sobre o cinema italiano. Sou apaixonada pelos clássicos em geral, mas os italianos ocupam um lugarzinho especial na minha preferência cinéfila. Muito obrigada pela reportagem e pelos links. Serão explorados exaustivamente. Um abraço!

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