Boa companhia na quarentena
- relyjae
- 12 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de abr. de 2022
“Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz”.

Que os cães sejam os melhores amigos do homem não é novidade para ninguém. Mesmo quem não os curte admite essa máxima universal. Dizem os estudiosos que nossas espécies evoluíram juntas. Nesta quarentena sem fim, para muitos os cachorros se tornaram o único amigo e companhia imprescindível. Amenizam a solidão e o silêncio do ninho vazio. A troca de carinho, as brincadeiras, aquele olhar amoroso e expressivo dão novo ânimo a quem os têm ao seu lado. Além disso, são um excelente antidepressivo natural com o estabelecimento de vínculos, de apego e de afeto. Não é a toa que a psiquiatra Nise da Silveira os chamava de co-terapeutas não humanos e permitia a sua presença dentro do hospital psiquiátrico após observar o bem que eles traziam aos seus pacientes. Nos anos sessenta, o também psiquiatra Boris Levinson, introduziu a Terapia Assistida por Animais. Ele acreditava no aumento do desenvolvimento pessoal e social através da interação com os animais, principalmente os cães, por serem sensíveis ao comportamento do ser humano.

Confesso que faço parte da turma cão dependente, não vivo sem. No mínimo dois para interagirem, afinal viviam em matilhas. Adoro conviver com eles e costumo dizer que uma casa sem cachorros é como um jardim sem flores. Claro que eles também às vezes estragam o jardim fazendo buracos e arrancando algumas plantas, mas nada é perfeito. Quando acordo e abro a janela do quarto lá estão eles me olhando com amor abanando o rabo em cumprimento, como a dizer: Bom Dia! E dizem mesmo, com um misto de latido e grunhido. Em seguida desço as escadas e abro a porta para entrarem fazendo a maior festa, brincando e já me fazendo sorrir logo cedo. A conversa, ou melhor, a comunicação acontece pela variação de gestos, sons, olhares e entonação da voz. Participam ativamente durante todo o dia até a hora de se recolher para dormir. E nos deixam mais alegres com sua companhia.

Vários escritores já dedicaram suas páginas aos cães. Vou deixar algumas sugestões em ‘dicas de livros’. Eles estão presentes na literatura desde Homero (século VIII a.C.): quando Ulisses retorna de suas aventuras à ilha de Ítaca irreconhecível vestido de mendigo, é reconhecido apenas por seu cão Argos que, já idoso, consegue somente abanar o rabo. Ulisses, que acreditava não ter mais lágrimas, chora. Lindo isso! Outro mérito dos cães: levar a emoção, mestres nisso. Sempre que ouço a música “O Portão”, de Roberto Carlos me emociono quando ele canta: “Eu parei em frente ao portão / Meu cachorro me sorriu latindo / Eu voltei agora pra ficar / Por que aqui, aqui é meu lugar”. Pode parecer piegas, mas esta frase me faz lembrar de todos os cachorros que passaram em minha vida e não consigo segurar as lágrimas.
Então, nesta longa quarentena aproveitem a companhia de seus cachorros e cuidem muito bem deles. O carinho, atenção e o cuidado que lhes dedicamos nos retorna em dobro. E se não for para amá-los que não os tenham. O importante é ser feliz com ou sem cachorros. Mas com a felicidade é garantida!
Lindo texto, como sempre me faz chorar..lembrei dos meus filhos peludos que habitam o céu de São Chiquinho..Alemoa, Snoopy, Spock..e meus peludos que ainda enchem a casa de alegria e muita bagunça, Rosinha Reis, Pipoca e BLACK , o terrorista..kkkk mas como viver sem???
Meus pets são meus filhos e a crônica relata perfeitamente a importância desses seres inocentes nas nossas vidas, só nos dão amor.